A escritora moçambicana Paulina Chiziane venceu o prêmio Camões deste ano, a mais importante distinção mundial da língua portuguesa.
Chiziane é reconhecida como uma das pioneiras da literatura de seu país. Seu “Niketche”, uma história que dá protagonismo a uma mulher antes subserviente que decide conhecer as outras esposas da vida polígama do marido, é considerado um clássico e ganhou este ano uma nova edição pela Companhia das Letras.
Se no ano passado o vencedor foi o pouco conhecido professor português Vítor Aguiar e Silva, numa escolha voltada a celebrar seu trabalho acadêmico com o idioma, o Camões causou um estrondo dois anos atrás ao premiar Chico Buarque, conhecido por escrever canções antes de livros.
Colaborou para essa repercussão a recusa do presidente Jair Bolsonaro em assinar o diploma do Camões de Chico, que se posiciona notoriamente à esquerda, o que o cantor afirmou em rede social considerar um “segundo prêmio Camões”.
O prêmio foi criado há 33 anos numa parceria entre Portugal e o Brasil, onde é organizado pela Biblioteca Nacional, e confere 100 mil euros ao vencedor de cada ano.
Há uma tradição de alternar a premiação entre nomes brasileiros, portugueses e de países africanos lusófonos. Assim, já ganharam autores destacados dos três continentes, como Raduan Nassar, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca, no Brasil, José Saramago e António Lobo Antunes, em Portugal, o moçambicano Mia Couto e o angolano Pepetela.
Mostrando que a lógica rotativa é seguida à risca, o último autor africano premiado foi o caboverdiano Germano Almeida, há três anos.
Os jurados desse ano foram os brasileiros Jorge Alves de Lima e Raul Cesar Gouveia Fernandes, os portugueses Carlos Mendes de Souza, Ana Maria Martinho, o escritor Tony Tcheka, de Guiné-Bissau, e Teresa Manjate, de Moçambique.
Fonte: O Tempo