Em 29 de novembro de 1946, nasceu uma das maiores escritoras da literatura nacional. Criada na favela do Pindura Saia, em Belo Horizonte, Maria da Conceição Evaristo de Brito costuma dizer que não viveu sempre rodeada de livros, mas se manteve atenta às palavras desde criança.
Na escola, que frequentou por incentivo da mãe, Conceição se mostrava questionadora e marcava presença em coros infantis e concursos de leitura e redação. Ao terminar o primário, em 1958, ganhou seu primeiro prêmio de literatura com o texto “Por que me orgulho de ser brasileira”.
Ainda em Minas, obteve o diploma de professora em 1971 enquanto trabalhava como empregada doméstica. Mas foi no Rio de Janeiro onde ela construiu sua carreira: lecionou na rede pública de ensino, graduou-se em Letras pela UFRJ e concluiu mestrado e doutorado em literatura.
Em 1990, os textos de Conceição Evaristo foram publicados pela primeira vez, na antologia Cadernos Negros, da editora Quilombhoje. Entre romances, contos, poesias e ensaios, ela também é autora de Becos da Memória, Ponciá Vicêncio e Insubmissas lágrimas de mulheres.
Abordando racismo, desigualdade e discriminação de gênero e classe, a escritora trata do universo da mulher negra a partir da “escrevivência”. Cunhado por Conceição, o termo faz referência ao estilo de escrita derivado do cotidiano, das lembranças e da experiência de vida.
Com Olhos d’água, ganhou o Prêmio Jabuti em 2015 e, quatro anos depois, foi homenageada como Personalidade Literária. Hoje, aos 75 anos, Evaristo é figura consagrada dos movimentos de valorização da cultura negra, e sua obra é estudada e lida Brasil — e mundo — afora.
Fonte: Galileu